16 novembro 2011

Interpretando Rooster - Alice in Chains

Rooster foi uma das várias músicas do Alice in Chains que não saí onvindo de cara. Tenho o Music Bank box collection já há anos e 2 dos 4 cd's ainda estão lacrados. Tenho muito que ouvir do Chains pra ser fãã. Voltando do SWU e do show fenomenal já gastei Rooster e Fear the Voices de ouvir. Até que falei: "beleza, ma que catzo de galo é esse??"
No box do Chains, Jerry Cantrell diz que Rooster foi o modo como ele absorveu o que o pai passou na guerra do Vietnam e, segundo consta, Rooster era o apelido de infância de seu pai pelo cabelo com crista quando moleque. Taí a letra em tradução livre:

"Ainda não encontraram um jeito de me matar
Os olhos queimam com a suor que arde
Parece que todos os caminhos me levam a lugar nenhum
Esposa e filhos, animal doméstico
Exército verde não foi aposta segura
As balas gritam pra mim de algum lugar

Aí vem eles para matar o galo
Sim, aí vem o galo
Você sabe que ele não morrerá
Não, não, ele não morrerá.

Andarilhos armados
Eles cuspiram em mim em minha terra natal
Glória me mandou fotos do meu garoto
Tenho meus comprimidos contra morte por mosquitos
Meu companheiro respira seu último suspiro
Oh deus, por favor você não vai me ajudar a passar por isso?"

Algumas versões dizem que os soldados estudo-unidenses carregavam emblemas e bandeiras com a águia símbolo dos EUA e, vendo isso, os vietnamitas tiravam dizendo: It's time to snuff the rooooster mas há controvérsias... Resta confirmar o nome da mãe do Cantrell....

25 outubro 2010

I don't like mondays

Sob escandalosa e gélida neve
Fui engolido por meu dramalhão.
- Carpe diem! - berra teu peito são
Ao meu que, já putrido, não se atreve.

Obscura lápide idealizo,
Espero eu que seja ela prematura?
Com zelo, as paredes da sepultura
suspendo. Retumba esse surdo guizo!

Na tumba, de peito ao cosmo latente,
Não paro e então jazo como serpente,
debruçado. Que mórbido capricho!

De minha sorte é o azar que desejo
Como primordial membro do festejo,
Cabe aos vermes solverem esse bicho!

2000/2001

25 fevereiro 2010

O chamado da mala

            Depois da viagem de carnaval, uma imagem me vem sempre à cabeça. O lampejo embora com um quê de maldade, não deixa de ser bem apropriado. Especialmente aos que gostam mesmo é de viajar, com algum trocado no bolso e muita disposição.
            Pegando as malas, ao fim do vôo já em Campinas vi-me rodeado de gente em busca de sua trouxa. Das mais diversas; coloridas, com fitinha, com laço, com etiqueta, de couro, de promoção, de improviso, do Robocop, do Falcão, malões, maletas, malas sem alça, malas de carrinho ou de pendurar, com cadeado, com lacre, com câmera, velhas, surradas, herdadas. Enfim, entes da família, filhas mesmo, daí o paralelo infantil.
            As pessoas vinham chegando e se aproximavam da esteira de bagagens, preenchendo os vazios e buscando uma vaga para a tão importante empreitada. A parte boa da viagem é essa, quando você recupera a sua maleta, cheia de apetrechos e badulaques trazidos daquele distante lugar recém visitado. Qualquer descuido e algum marginal ou velhinho confuso toma a sua mala e um abraço. Toda sua viagem estará perdida. Os olhares percorrem toda a extensão do equipamento, às vezes parando em algum ponto, na dúvida. “Será essa?” Eis que ela vem chegando, chegando, sorrindo, gritando mamãe e ... um velinho de óculos fundo de garrafa a tasca. Inspeciono, mas me convenço. É dele.
            Às vezes demora.   Fico lá, plantado por longos minutos. Um magrelinho aperta-se ao lado e, concentrado, tenta retirar um guarda roupa que vinha dançando pela esteira. As perninhas tremem, titubeiam, e quase são arrastadas pelas beiradas enquanto sou pisoteado e empurrado. “Opa, eu te ajudo” - digo com alguns hematomas. Dá pra ver uns e outros apontando lá do outro lado do percurso com aquele sorriso interno.
            Ocorre que na creche a coisa não difere muito disso não. A tropa de pais em frente ao portão, esperando sua maleta. Maleta essa que, ao contrário do anterior, atrapalha e inviabiliza viagens. Umas com fitinha, laço, etiqueta, de improviso, com câmera, herdadas e até as sem alça. Mesmo por essas, salvo raras exceções, sempre há alguém esperando. Alguém que acompanha as curvas da esteira e quando, tendo dado a volta toda, dá com a portinha de saída com aquela lona preta que não nos permite ver o lado de lá, recomeça a busca, como que ouvindo um chamado distante.